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sábado, 21 de novembro de 2009

MUNDO COMPLICADO - PARTE III


Ao chegar próximo das saídas do aeroporto, homens falando inglês com aquele sotaque bem carregado de descendência árabe ofereciam táxis e hotéis. Assim como agem os paulistanos no dia-a-dia, que desconfiam de tudo e todos, o rapaz fingiu não ouvir e ignorou os insistentes chamados — um deles chegou a puxá-lo pelo braço, mas o rapaz conseguiu se esquivar e saiu às pressas do aeroporto.

Na Tunísia, 100% da população fala árabe e quase 90% manja francês, já que o país ficou muito tempo sob domínio da França.

Do lado de fora, ele pôde avistar uma fileira de uns quinze táxis, todos eles em mau estado de conservação e muito parecidos com o Fiat 47 ou o Lada. Já era noite, perto das 21 horas, estava num país hostil e sabia que o dinar, a moeda local, era bem desvalorizado se comparado ao dólar e ao euro.

A única referência que tinha era um mapa bem genérico, que indicava a rua do hotel ao norte do aeroporto. Não podia se arriscar, pegar um ônibus e cair numa ‘bocada’. Então, chamou um dos taxistas, indicou o endereço e entrou no carro, confiante, mas receoso.

O motorista tentou conversar um pouco usando um inglês bem confuso. O rapaz até respondia, mas o que chamava muito a atenção era a roda traseira esquerda, que devia estar grudada ao eixo com dois chicletes, dando a impressão que sairia rodopiando a qualquer momento.

Cinto de segurança para motorista e passageiro? Estava somente nas memórias do dono, há uns 30 anos, quando ele comprou o carro. Ele até que foi simpático, colocou em uma rádio que tocava músicas internacionais e repetia sempre ‘very good song’, provavelmente, pra esconder a barulheira que aquele pedaço de ferro velho com motor, ou melhor, seu carro, fazia.

Chegaram em frente ao hotel após percorrer uns 20 minutos de avenidas, para alívio daquele brasileiro. O taxista disse que a corrida ficava em 15 dinares. Sem titubear, o rapaz pagou o motorista e se despediu. Mais tarde, ele descobriria que este trajeto, na verdade, custava 4 dinares. Era apenas um exemplo da ganância que encontraria ao longo de sua viagem em Tunis.